domingo, dezembro 30, 2007
Inteligência Animal
Apesar do nome, Koko é muito inteligente. Mais ainda do que pensam. Os cientistas ficaram decepcionados quando a gorila comeu o cartão de visitas de um repórter. Acharam um sinal de falta de inteligência. Eu, o contrário. Quem é que não gostaria de jogar fora, logo de cara, um cartão de visitas de um repórter? Para que ele serviria, principalmente a uma gorila? Não conheço o paladar e hábitos culinários de Koko, mas talvez papel seja saboroso aos gorilas. Ou talvez, com toda a sua inteligência, Koko saiba que assim ajudará a reaproveitar esse cartão, transformando-o em adubo e dando-lhe um fim mais útil do que o que qualquer um de nós provavelmente daria (exceto, talvez, o próprio repórter): o lixo.
Falta à gorila um pouco de diplomacia, é verdade, mas não de inteligência.
segunda-feira, novembro 26, 2007
O Verbo Flor - Renato Rocha
Por quase todas as pessoas
Em certos tempos definidos
A saber:
Quase nunca no outono
No inverno quase não
Quase sempre no verão
E demais na primavera
Que no coração
Poderá durar
E ser eterna
Quando o coração conjugar:
Quando eu flor
Quando tu flores
Que ele flor e você flor
Quando nós
Quando todo mundo flor.
sexta-feira, novembro 09, 2007
Manuel Bandeira
O que não tenho e desejo
É que melhor me enriquece.
Tive uns dinheiros — perdi-os...
Tive amores — esqueci-os.
Mas no maior desespero
Rezei: ganhei essa prece.
Vi terras da minha terra.
Por outras terras andei.
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado,
Foram terras que inventei.
Gosto muito de crianças:
Não tive um filho de meu.
Um filho!... Não foi de jeito...
Mas trago dentro do peito
Meu filho que não nasceu.
Criou-me, desde eu menino
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Sou poeta menor, perdoai!
Não faço versos de guerra.
Não faço porque não sei.
Mas num torpedo-suicida
Darei de bom grado a vida
Na luta em que não lutei!
(29 de janeiro de 1943)
segunda-feira, novembro 05, 2007
sábado, novembro 03, 2007
Fernando Pessoa
(23-5-1932)
A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.
sexta-feira, outubro 26, 2007
Carlos Drummond de Andrade
Ganhei (perdi) meu dia.
E baixa a coisa fria
também chamada noite, e o frio ao frio
em bruma se entrelaça, num suspiro.
E me pergunto e me respiro
na fuga deste dia que era mil
para mim que esperava
os grandes sóis violentos, me sentia
tão rico deste dia
e lá se foi secreto, ao serro frio.
Perdi minha alma à flor do dia ou já perdera
bem antes sua vaga pedraria?
Mas quando me perdi, se estou perdido
antes de haver nascido
e me nasci votado à perda
de frutos que não tenho nem colhia?
Gastei meu dia. Nele me perdi.
De tantas perdas uma clara via
por certo se abriria
de mim a mim, estela fria.
As árvores lá fora se meditam.
O inverno é quente em mim, que o estou berçando,
e em mim vai derretendo
este torrão de sal que está chorando.
Ah, chega de lamento e versos ditos
ao ouvido de alguém sem rosto e sem justiça,
ao ouvido do muro,
ao liso ouvido gotejante
de uma piscina que não sabe o tempo, e fia
seu tapete de água, distraída.
E vou me recolher
ao cofre de fantasmas, que a notícia
de perdidos lá não chegue nem açule
os olhos policiais do amor-vigia.
Não me procurem que me perdi eu mesmo
como os homens se matam, e as enguias
à loca se recolhem, na água fria.
Dia,
espelho de projeto não vivido,
e contudo viver era tão flamas
na promessa dos deuses; e é tão ríspido
em meio aos oratórios já vazios
em que a alma barroca tenta confortar-se
mas só vislumbra o frio noutro frio.
Meu Deus, essência estranha
ao vaso que me sinto, ou forma vã,
pois que, eu essência, não habito
vossa arquitetura imerecida;
meu Deus e meu conflito,
nem vos dou conta de mim nem desafio
as garras inefáveis: eis que assisto
a meu desmonte palmo a palmo e não me aflijo
de me tornar planície em que já pisam
servos e bois e militares em serviço
da sombra, e uma criança
que o tempo novo me anuncia e nega.
Terra a que me inclino sob o frio
de minha testa que se alonga,
e sinto mais presente quanto aspiro
em ti o fumo antigo dos parentes,
minha terra, me tens; e teu cativo
passeias brandamente
como ao que vai morrer se estende a vista
de espaços luminosos, intocáveis:
em mim o que resiste são teus poros.
Corto o frio da folha. Sou teu frio.
E sou meu próprio frio que me fecho
longe do amor desabitado e líquido,
amor em que me amaram, me feriram
sete vezes por dia, em sete dias
de sete vidas de ouro,
amor, fonte de eterno frio,
minha pena deserta, ao fim de março,
amor, quem contaria?
E já não sei se é jogo, ou se poesia
sábado, outubro 20, 2007
Harry Potter
Eu li o sétimo e último livro. Adorei. Foi emocionante em várias partes.
O final, feliz. E, apesar disso, fica uma sensação de despedida, de saudade, nostalgia. Afinal, faz 7 anos que Harry Potter faz parte da minha vida; é como se eu fosse ele e ao mesmo tempo só pudesse observá-lo. E o último livro é como uma despedida desse "eu".
O final podia ser mais completo. Depois de todos esses livros, e mesmo de todos os capítulos do último livro e suas 700 e algumas páginas, o epílogo podia ter um pouco mais de informação. 19 anos ficaram a encargo da imaginação.
“Essa descoberta levanta todo tipo de questionamento sobre como um buraco negro desse tamanho pode ter surgido”, disse o principal autor do artigo que descreve a descoberta, Jerome Orosz, da Universidade Estadual de San Diego, nos Estados Unidos.O trabalho foi publicado na edição desta semana da revista Nature.
O M33 X-7 orbita uma estrela companheira que eclipsa o buraco negro uma vez a cada três dias e meio. A companheira também tem massa incrivelmente alta: 70 massas solares.
FORA DA TEORIA
Com o tamanho que tem, o buraco negro deveria ter sido, antes de entrar em colapso, ainda maior que a atual estrela companheira.
Essa estrela teria um raio maior que o que separa o buraco negro da companheira, o que significa que as estrelas devem ter estado muito próximas, partilhando de uma atmosfera comum. Mas esse processo deveria ter expelido muita matéria do sistema, sem deixar o bastante para gerar um buraco negro tão pesado.
Antes de explodir, a estrela que originou o buraco negro deve ter eliminado apenas 10% do volume de gás previsto pelos modelos teóricos existentes hoje. (C.O. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
Publicado n'O Estado de São Paulo em 18/10/07.
quinta-feira, outubro 04, 2007
Anestesia que Não Imobiliza
Molécula de pimenta gera anestesia que não imobiliza
Ação da capsaicina, responsável pelo ardor do fruto, é direcionada só a nervos sensíveis à dor, sem afetar células motoras, o que evita paralisia.
Cristina AmorimImagine tratar um canal sem sentir dor e sem sair do consultório do dentista com o rosto paralisado. Esse é o objetivo de uma pesquisa publicada hoje na revista britânica Nature (www.nature.com), que usa a molécula responsável pelo ardor das pimentas, a capsaicina, para atingir o objetivo.
Três cientistas ligados à Faculdade de Medicina da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, conseguiram criar um anestésico que age somente nos nervos que mandam o sinal de dor ao cérebro, sem afetar as células motoras vizinhas.
Isso porque normalmente os anestésicos atingem todas as células nervosas de determinada região do corpo, sem distinguir quem é quem. O resultado é que, além de a dor ir embora por um tempo, também somem a sensibilidade ao tato e o controle de movimentos. Essa tem sido a regra desde que a anestesia geral foi aplicada pela primeira vez em cirurgia, em1846.
TIRO CERTEIROPara fugir disso, o trio trabalhou especificamente com os nervos sensíveis à dor. Desde a década de 1970 sabe-se que esses neurônios específicos possuem poros nas membranas. Eles funcionam como canais que abrem e fecham para permitir a passagem de determinadas moléculas. Tal característica é exclusiva – esses poros ou canais não existem nos outros neurônios, como os motores.
Para atingir apenas as células sensíveis à dor, os cientistas tinham de levar em conta dois passos: abrir os canais para que o anestésico entrasse e usar uma substância que fosse inócua aos outros neurônios.
Foi quando lembraram do QX-314, nome de um derivado do popular anestésico lidocaína. Ele é pouco eficiente quando aplicado pelos métodos tradicionais, porém a situação é outra ao ser levado para dentro dos neurônios certos: ele consegue interferir na corrente elétrica emitida pelas células nervosas, aquela que manda a mensagem “aqui dói” até o cérebro.
O segundo passo seria forçar a passagem. É quando entra a molécula da pimenta. A capsaicina funciona como uma chave-mestra e consegue abrir esses poros. Assim, as duas moléculas aplicadas juntas – a lidocaína QX-314 e a capsaicina – foram capazes de conter a dor sem atrapalhar os movimentos.
TESTEA experiência foi feita em ratos. Eles primeiro receberam uma aplicação das duas moléculas nas patas e andaram normalmente em uma placa quente, sem apresentar muita sensibilidade ao calor excessivo.
Num segundo momento, os cientistas aplicaram a combinação química no nervo ciático dos animais e espetaram suas patas, sem que qualquer reação fosse esboçada. Ao mesmo tempo, os roedores continuaram a se mover tranqüilamente, sem mostrar nenhum comprometimento motor.
O grupo está confiante de que a estratégia pode ser transferida para tratar pessoas com o avanço do estudos. “Os neurônios sensíveis à dor são parecidos em ratos e em humanos”, diz Bruce Bean, um dos pesquisadores. Para Clifford Woolf, outro autor do estudo, a técnica “poderia ser levada a muitas operações”. (COM REUTERS)
Publicado n'O Estado de São Paulo em 04/10/2007.
sábado, setembro 29, 2007
Ditaduras
A invasão da PUC
Luiza Nagib Eluf[i]
O ano de 1977 foi marcado por episódios determinantes para a restauração da democracia no País. Em 8 de agosto, foi lida no pátio da Faculdade de Direito da USP a célebre Carta aos Brasileiros, de autoria do professor Goffredo da Silva Telles Junior. Na noite de 22 de setembro, soldados da Polícia Militar do Estado de São Paulo, comandados pelo então secretário de Segurança Pública, coronel Erasmo Dias, invadiram a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, situada na Rua Monte Alegre, no Bairro de Perdizes, e prenderam os alunos que ali estavam reunidos, provenientes de várias faculdades. O motivo alegado era a desobediência dos estudantes, que teimavam em recriar sua entidade nacional, a UNE, que fora banida por determinação da ditadura militar que imperava no País.
A invasão foi um ato de selvageria, de truculência, de arbitrariedade, que só poderia ter sido concebido pela mente obscura e doentia dos opressores de plantão. Os soldados entraram batendo e gritando ofensas de todo calão, lançando bombas sabe-se lá de que efeitos, mas o fato é que muitas pessoas passaram mal, desmaiaram e pelo menos duas alunas da universidade foram gravemente queimadas.
É evidente que os estudantes estavam desarmados. É evidente, também, que a manifestação de insubordinação diante da proibição de se reunirem era perfeitamente justificada.
É próprio da juventude desafiar certas normas. É natural e saudável que assim o seja, ou o mundo continuaria sempre igual, não progredindo jamais. É papel da mocidade promover a renovação, e os estudantes da época queriam se livrar da ditadura tenebrosa que engessava o ensino, punia a participação política e queria limitar o saber.
A reunião estudantil da noite de 22 de setembro de 30 anos atrás tinha como objetivo recuperar os ideais de melhores condições de vida para a população, propondo a restauração das liberdades democráticas e a instauração do Estado de Direito. Nada mais legítimo.
No entanto, a ação policial de invadir uma escola por razões políticas (!), desrespeitando qualquer parâmetro de civilidade, não pode ser esquecida, para que não mais se repita.
Em matéria publicada neste jornal no último dia 22, o coronel Erasmo Dias, ao se defender, declarou que “tinha muita mulher lá e mulher não tem jeito para correr, tem perna presa”.
Com essa frase o coronel demonstra, mais uma vez, sua visão distorcida sobre os fatos da vida. Primeiramente, porque evidencia um preconceito inadmissível contra a população feminina. Segundo, porque ele estranhou a presença de mulheres no local, fato corriqueiro nas universidades já naquela época – só ele desconhecia essa circunstância. Terceiro, porque mulher não tem “perna presa” coisa nenhuma e qualquer pessoa, mulher ou homem, que for atingida por bomba atirada pela polícia vai se queimar, correndo ou parada.
Passados tantos anos, a única conclusão sensata a que o coronel deveria ter chegado é que a operação foi um desastre. Sacrificou pessoas inocentes que estavam pacificamente reunidas, causando-lhes seqüelas indeléveis tanto físicas quanto psicológicas, e colaborou para enfraquecer a ditadura. É certo que o coronel Erasmo não foi o único responsável pela ação repressora. Foi do governador do Estado à época, Paulo Egydio Martins, que partiu a ordem.
E que não se minta sobre o comportamento dos estudantes. Eles não deram causa à brutalidade. Não tentaram agredir os policiais com atos ou palavras. Ao perceberem a entrada da tropa de choque no campus, os grupos estudantis não reagiram. Correram para dentro do prédio, subindo escadas e rampas, procurando abrigo nas salas de aula, até alcançarem o último andar, onde foram encurralados e presos. Não sem antes sofrerem espancamento indiscriminado com cassetetes e serem intoxicados com quantidades absurdas de gás lacrimogêneo. Posso descrever muito bem o que aconteceu porque eu lá estava, com meu irmão e minha irmã. Éramos, os três, alunos da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, e havia outros colegas conosco, que hoje são juízes, advogados, promotores de Justiça. Fomos todos levados a um estacionamento próximo, onde se fez uma triagem. Os alunos da PUC foram liberados e os da USP seguiram, de ônibus, para o quartel da Polícia Militar. Alguns professores também foram presos.
Meus pais ficaram em desespero, sem notícias dos filhos, durante toda a madrugada em que os estudantes, mesmo confinados, continuavam a ser submetidos a emanações de gás lacrimogêneo. Nunca fui omissa, nunca me senti diminuída por ser mulher. Ainda que consciente dos riscos que corria, achei que me arrependeria se não comparecesse àquele ato de repúdio à ditadura. Hoje me orgulho da decisão que tomei.
Além disso, lembro-me bem de que poucos de nós acreditavam que a polícia invadiria as dependências da universidade. Algum tempo antes, houvera um episódio semelhante na Faculdade do Largo de São Francisco. Os alunos reviveram a “tomada” das Arcadas em protesto contra a ditadura e a polícia acorreu ao local para reprimir o ato. Só que não conseguiu entrar. Quebraram os vidros e atiraram bombas de gás lacrimogêneo para dentro, mas o diretor Pinto Antunes não permitiu que arrombassem as portas do prédio. Na invasão da PUC, no entanto, a repressão não respeitou ninguém.
Depois do fato, o que resta dele é a sua versão. Da avaliação do ocorrido, ficou claro que os estudantes não sofreram essa violência em vão. A invasão da PUC abalou irremediavelmente os alicerces, já desgastados, do regime de opressão política. Os estudantes não foram ingênuos, foram heróis.
Que não se perca a dimensão histórica desse ato de bravura coletiva.
[i] Luiza Nagib Eluf é procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo, atualmente afastada da carreira para exercer o cargo de subprefeita da Lapa.
quarta-feira, setembro 26, 2007
António Aleixo
Meu aspecto te enganou:o que a gente é não se vê;pergunta a outrem quem sou,pois o que sou nem eu sei.Os meus versos o que são?Devem ser, se os não confundo,pedaços do coraçãoque deixo cá neste mundo.Não escolho os amigos à toa,sempre temendo algum perigo:primeiro, escolho a pessoa;depois, escolho o amigo.Diz tudo quanto quiseres,mas eu, pr'a te ser sincero,daquilo que tu disseressó acredito no que quero.
domingo, setembro 16, 2007
E se um dia...?
- Sabe, Su, acaba de me ocorrer uma idéia terrível.
- O que foi?
- Não seria medonho se um dia, no nosso mundo, os homens se transformassem por dentro em animais ferozes, como os daqui, e continuassem por fora parecendo homens, e a gente assim nunca soubesse distinguir uns dos outros?
(Príncipe Caspian, As Crônicas de Nárnia - C.S. Lewis)
sábado, setembro 15, 2007
Geração - Dilei
Meu pessimismo é real
E nossas leis foram feitas
Pra quem tem grana pra pagar.
Uma nova alienação
Disfarçada de consciência.
Discursos inflamados,
Braços cruzados, papo pelo ar.
E você vai me perguntar
Onde reside a esperança,
Se uma geração inverte o seu caminhar?
A ignorancia flerta com o desespero
De não ter o que comer,
Como garantir o pão?
Não cabe a mim apenas reclamar,
Não adianta só cantar.
De todas as maneiras
O exemplo é a melhor forma de ensinar.
Muda teu pensar,
Muda teu querer,
Idéias, ideais,
Filosofia pra viver.
E se você quiser mudar,
Saiba o passado que terminou,
Tantas marcas a desvendar,
Um novo rumo que se traçou
A um passo de um caminho sem volta.
http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/dilei/
sexta-feira, setembro 07, 2007
Que engano...
Genoma
Fernando Reinach
fernando@reinach.com
Biólogo
Em 2001, Craig Venter e Francis Collins, líderes de grupos rivais, anunciaram que o genoma humano havia sido seqüenciado. A corrida foi dada por empatada. O que não explicaram é que o "genoma humano" não passa de uma abstração.O que tem existência física são seres humanos individuais e seus respectivos genomas; o meu genoma, o seu e o do Pelé. Agora, seis anos depois, finalmente foi seqüenciado o primeiro genoma de um ser humano. E o ser humano auto-escolhido foi Craig Venter.
Cada um de nós é único. O "ser humano", assim como o "genoma humano", só existe na nossa imaginação e representa uma média mental de todos os seres humanos. Da mesma maneira que é impossível fotografar "o ser humano", é impossível seqüenciar seu genoma. O que os grupos rivais publicaram em 2001 foi uma espécie de montagem do que seria um genoma humano típico. O trabalho coordenado por Collins foi feito a partir do DNA de dezenas de pessoas de diferentes etnias. Venter e seu grupo usaram o DNA de 5 pessoas.
Agora a equipe de Venter terminou o seqüenciamento completo de seu genoma. Como possuímos duas cópias de cada um de nossos genes, um herdado de nosso pai e outro de nossa mãe, Venter seqüenciou e identificou cada uma das cópias de cada um de seus genes. Com base nesses dados, foi possível comparar, ao longo de todo o genoma, os genes recebidos de cada um de seus pais, além de comparar o genoma de Venter com a média das dezenas de genomas obtida por Collins.
Venter descobriu que em 44% de seus genes a cópia vinda de seu pai é diferente da cópia vinda de sua mãe. Além disso, quando comparou seu genoma com o genoma médio, observou que havia mais de 3 milhões de mudanças e centenas de milhares de inserções ou deleções de fragmentos de DNA. Isso demonstra pela primeira vez onde residem as diferenças entre os membros da espécie humana.
Venter prometeu tornar pública sua história médica, o que permitirá pela primeira vez uma correlação direta entre um genoma humano e as características do dono daquele genoma, o que inaugura a era da genômica individual. Com empresas desenvolvendo métodos para seqüenciar o genoma de uma pessoa por menos de US$ 1 mil, a informação vai revolucionar a medicina preventiva.
Muitos criticam Venter por seqüenciar seu próprio genoma. Ele responde que foi a melhor maneira de debelar o medo que a maioria das pessoas tem da idéia de examinar o próprio DNA. Faz parte da tradição humana divulgar publicamente segredos íntimos em memórias ou biografias. Venter inaugurou uma nova fase nessa tradição. Nos próximos anos, "comentaristas de genoma" deverão descobrir outras características além da propensão ao alcoolismo ou às doenças cardíacas.
Mais informações em: The diploid genome sequence of an individual human, PLoSBiology, volume 5 (10), página e254, ano 2007.
(Retirado d'O Estado de São Paulo, Primeiro Caderno, 06/09/2007)
quarta-feira, setembro 05, 2007
Vídeo
Sombra deve ser uma coisa estranha pra crianças... Não lembro o que eu pensava da sombra. Não lembro nem de pensar em sombra. Mas, hoje, pensando em como deve ser a sombra para um criança, deve ser estranha. Uma coisa que se mexe sempre junto com você, sem formas muito definidas e que você não consegue tocar. Sempre grudada!
Tá, mas a garotinha exagerou... =/
(pois é... o vídeo no blog não funcionou. Que grande porcaria... carrega eternamente e quando chega em um pouco mais da metade começa de novo, lerdaaamente. Não há sequer mensagem de erro. Você que espere que nem um idiota mesmo! xD)
sábado, setembro 01, 2007
Miss Saigon
Ontem, fui assistir ao Miss Saigon. Adorei! É muito bom e não frustrou nem um pouco todas as expectativas que eu tinha.
A história é linda, os cenários são muito bem elaborados, o Teatro Abril é excelente, as músicas e vozes, lindas e, no que diz respeito à Guerra do Vietnã, não mostra os americanos como os justos e bonzinhos. Ao contrário, um sargento, após a guerra, canta que "Os filhos são de todos nós", falando das crianças que eles geraram e deixaram para trás com as mulheres vietnamitas. Essa parte serve como uma metáfora: as crianças deveriam ser cuidadas por todos, como filhos. "Os filhos são de todos nós", as crianças são responsabilidade de todos nós.
E foi tanto choro no teatro... rs Mas o espetáculo tem também comédia. Essa parte fica por conta do Engenheiro, representado por Marcos Tumura. E, junto com a comédia, a sátira (duas coisas que combinam muito bem): sátira ao "American Dream", através da visão do Engenheiro de que a vida é perfeita para todos na América.
Para quem não sabe, o tema é inspirado na ópera Madama Butterfly. Não tinha certeza se o final seria o mesmo ou se mudariam. Perto dele comecei a achar que mudaria, mas não mudou. Ainda bem... não seria tão bom sem o final que tem.
Me arrependi de não ter comprado uma caneca na saída. Eles estavam vendendo camisetas, canecas, canetas, lápis, chaveiros e bonés (tudo que eu me lembro), com o símbolo do musical. A caneca era linda.
Mas tenho de lembrança o livrinho que eles distribuem no final com informações sobre o musical, os atores etc.
Se eu tiver a chance, vou assistir de novo, com certeza.
Eu sou de um mundo tão longe
tão longe do teu
Eis que essa noite qualquer
nos juntou no breu."
sexta-feira, julho 27, 2007
Biologia pré-histórica
Fernando Reinach
Biólogo
Da mesma maneira, para entender as "guerras" que ocorreram entre os animais e os vírus, os biólogos têm "escavado" o genoma dos animais em busca de vestígios das batalhas.
Quando um retrovírus infecta um animal, cópias de seu genoma se inserem no genoma do animal infectado e podem ser passados adiante ao longo das gerações. Foi comparando o genoma de macacos e seres humanos que uma batalha que ocorreu faz mais de 3 milhões de anos entre o vírus PtERV e a proteína de defesa TRIM5 foi reconstituída.
A conseqüência dessa batalha é que hoje chimpanzés e gorilas são resistentes ao vírus da aids enquanto nós somos suscetíveis.
VITÓRIA DE PIRRO
No genoma dos chimpanzés existem mais de cem cópias de diversas versões do vírus PtERV. As diferenças entre as cópias demonstra que esses vírus infectaram os macacos 3 milhões de anos atrás. No genoma humano não existe nenhuma cópia desse vírus. Porque ele não infectou seres humanos? Uma possível explicação é que uma proteína de defesa chamada TRIM5 foi capaz de bloquear o ataque do vírus na espécie humana, mas incapaz de bloqueá-lo nos macacos.
Para testar essa hipótese, os cientistas "ressuscitaram" o vírus PtERV a partir do genoma dos macacos e testaram sua capacidade de infectar células humanas e de macacos. Descobriram que o vírus ainda infecta macacos, mas continua incapaz de infectar humanos. Também demonstraram que o fato de os humanos serem resistentes ao vírus se deve à proteína de defesa TRIM5.
A proteína TRIM5 humana, quando colocada em células de macacos, faz com que elas se tornem resistentes ao vírus, e essa resistência é conseqüência de uma única mutação. A explicação, portanto, é que há 3milhões de anos, durante nossa guerra contra o PtERV, em algum de nossos ancestrais surgiu uma mutação no gene da TRIM5 que nos tornou resistentes. Levamos vantagem sobre os macacos.
Mas qual o legado da batalha? A conseqüência é que deixamos de ser resistentes ao vírus da aids. Repetindo os testes com o vírus da aids, os cientistas demonstraram que a mutação que alterou a TRIM5, lá no nosso distante passado, ao mesmo tempo em que nos tornou resistentes ao PtERV fez com que perdêssemos a capacidade de nos proteger contra o HIV. Os chimpanzés e os gorilas, por terem a TRIM5 original, são hoje resistentes ao HIV. Nós, por carregarmos até hoje a mutação, somos suscetíveis ao vírus da aids. Foi uma vitória no passado que está custando caro para a espécie humana no presente.
Mais informações em Restriction of an extinct retrovirus by the human TRIM5 alfa antiviral protein, na Science, volume 316, página1.756, 2007.
(Artigo publicado no Estadão em 26/07/07)
quinta-feira, julho 26, 2007
Origem do "Homo sapiens"
A equipe de Andrea Manica, do Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge, avaliou mais de 6 mil crânios de todo o mundo e constatou que a variação de tamanho e formato das peças se reduz a medida que o local de sua descoberta se afasta da África.
O decréscimo é reflexo de que, enquanto a população original era estável e geneticamente variada, apenas um pequeno grupo se engajou em cada etapa migratória para longe do "berço da Humanidade", o que reduziu sua diversidade. Maior variação foi detectada justamente no sudeste africano.
O estudo foi publicado esta semana na Nature.
(O Estado de São Paulo, retirado do Reuters)
quarta-feira, julho 25, 2007
Poesia
[Alvaro de Campos - Na Noite Terrivel]
"Na noite terrível, substância natural de todas as noites,
Na noite de insônia, substância natural de todas as minhas noites,
Relembro, velando em modorra incômoda,
Relembro o que fiz e o que podia ter feito na vida.
Relembro, e uma angústia
Espalha-se por mim todo como um frio do corpo ou um medo.
O irreparável do meu passado - esse é que é o cadáver!
Todos os outros cadáveres pode ser que sejam ilusão.
Todos os mortos pode ser que sejam vivos noutra parte.
Todos os meus próprios momentos passados pode ser que existam algures,
Na ilusão do espaço e do tempo,
Na falsidade do decorrer.
Mas o que eu não fui, o que eu não fiz, o que nem sequer sonhei;
O que só agora vejo que deveria ter feito,
O que só agora claramente vejo que deveria ter sido -
Isso é que é morto para além de todos os Deuses,
Isso - e foi afinal o melhor de mim - é que nem os Deuses fazem viver...
Se em certa altura
Tivesse voltado para a esquerda em vez de para a direita;
Se em certo momento
Tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim;
Se em certa conversa
Tivesse tido as frases que só agora, no meio-sono, elaboro -
Se tudo isso tivesse sido assim,
Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro
Seria insensivelmente levado a ser outro também.
Mas não virei para o lado irreparavelmente perdido,
Não virei nem pensei em virar, e só agora o percebo;
Mas não disse não ou não disse sim, e só agora vejo o que não disse;
Mas as frases que faltou dizer nesse momento surgem-me todas,
Claras, inevitáveis, naturais,
A conversa fechada concludentemente,
A matéria toda resolvida...
Mas só agora o que nunca foi, nem será para trás, me dói.
O que falhei deveras não tem sperança nenhuma
Em sistema metafísico nenhum.
Pode ser que para outro mundo eu possa levar o que sonhei,
Mas poderei eu levar para outro mundo o que me esqueci de sonhar?
Esses sim, os sonhos por haver, é que são o cadáver.
Enterro-o no meu coração para sempre, para todo o tempo, para todos os
universos,
Nesta noite em que não durmo, e o sossego me cerca
Como uma verdade de que não partilho,
E lá fora o luar, como a esperança que não tenho, é invisível p'ra mim."
quinta-feira, julho 19, 2007
"Caos Aéreo"
Por que só depois que se começou a falar em "caos aéreo" com tanto afinco é que a pista de Congonhas (que já era a mesma antes de todo o "caos") passou a ser perigosa e provocou o maior acidente aéreo do Brasil?
O que os pilotos americanos estavam fazendo mesmo na Amazônia?
E, finalmente, pra onde foi o dinheiro para obras da Infraero?
Nunca saberemos...
terça-feira, julho 10, 2007
Licenças para as usinas de Jirau e Santo Antônio
Concordo com Karen Suassuna, da área de energia da WWF, quando diz que a liberação das licenças, assim como a decisão de retomar a construção de Angra 3, mostra a prioridade dada pelo governo às obras grandes. "Fica claro que o governo prioriza grandes e polêmicas obras. Não se vê semelhante disposição para desburocratizar usinas de fontes renováveis, nem um plano mais audacioso de eficiência energética. (...) Dados de 2005 mostram que, só com biomassa de cana-de-açúcar, poderíamos gerar 8000 MW, o que já é uma hidrelétrica do Madeira. Hoje, entram na rede elétrica apenas 1500 MW de energia gerada a partir desta fonte."
O Brasil também tem capacidade para gerar 143 GW (várias vezes as usinas do Madeira) de energia eólica, mas o governo parece não saber disto.
quinta-feira, junho 28, 2007
Convivência
sábado, junho 23, 2007
Slava's Snow Show
No dia 21/06, fui com a minha mãe ao Slava's Snowshow (em alguns lugares se lê Slava's Snow Show e eu não sei qual é o certo... rs).
Foi muito bom! Os efeitos especiais são excelentes. Assim como os palhaços brincando com a platéia e molhando todo mundo e os esquetes tanto engraçados como mais melancólicos. As bolas gigantes encerram com chave de ouro; elas são gigantes mesmo! A foto acima foi pega da Internet - porque o celular onde estão as fotos que tiramos está sem o cabo para passá-las para o computador -, mas as bolas aqui foram muito maiores. A laranja era magnífica. E elas giram, sobem e não houve quem não quisesse ter uma chance de brincar com elas também: no camarote, um homem estava quase caindo para conseguir bater em uma bola. E foi justamente por causa dessas bolas que eu me senti tão criança! Não própriamente as bolas, mas quando o cara da minha frente disse para o amigo que ele tinha "tirado a bola da criança" (eu). rsrs Foi uma sensação de diminuir até virar um bonequinho estilo animê (quem conhece sabe). Mas a maioria alí realmente virou criança com as bolas - e esse, com certeza, era o intuito.
Outras experiências particulares nos fizeram rir bastante lá, mas, falando apenas do espetáculo, vale a pena! Ou melhor, valeu, pois a temporada já foi - curtíssima. Agora, só esperando ou indo atrás.
Ah! Preciso falar da garotinha que apareceu no palco no final do espetáculo, pintadinha e vestida com uma roupa amarela que nem o Slava (não sei o nome do palhaço mesmo) e que dançava e brincava no meio dos palhaços, girando com ele: era linda!
segunda-feira, maio 21, 2007
A Noite
Em todos os idiomas europeus, a palavra NOITE é formada pela letra N + o número 8.
A letra N é o símbolo matemático de infinito e o 8 deitado também simboliza infinito, ou seja, noite significa, em todas as línguas, a união do infinito!
Português: noite = n + oito
Inglês: night = n + eight
Alemão: nacht = n + acht
Espanhol: noche = n + ocho
Francês: nuit = n + huit
Italiano : notte = n + otto
quarta-feira, maio 16, 2007
A verdade é que os de cima realmente não trabalham. Não vamos tergiversar, trabalhar é dar duro, é suar, é fazer coisas que não são agradáveis, nem ocasionais, "faço hoje, depois faço quando me der na telha". Pois é, os de cima, que não trabalham, não produzem dinheiro. Em compensação têm todo o tempo pra bolar esquema de tomar o dinheiro dos que estão por baixo e trabalham, e dão duro, e suam, e fazem, continuadamente, coisas que não são agradáveis. E, para tomarem esse dinheiro que não lhes pertence,os de cima inventam palavras nobres, como mordomia, financia, ideologia, macroeconomia e constituinteria.Novo Evangelho - a Bíblia do Caos (Millôr Fernandes)
Salário dos Políticos
Agora, recebendo, ou melhor, ganhando mesmo ("recebe" quem trabalha) R$16.512,09 por mês (e com os "auxílios" ainda mais "auxiliadores") a situação financeira deles deve ficar um pouquinho mais suportável e estável... Coitados. E o que são R$ 8 mi a mais por ano?
Fonte: O Estado de São Paulo
terça-feira, maio 15, 2007
Prisão Indiana
JOSÉ REINALDO GUIMARÃES CARNEIRO e ROBERTO PORTO
A transformação da prisão de Tihar a tornou referência para outros presídios da Índia. Pode parecer estranho para os padrões ocidentais
O Brasil é, hoje, muito pior e mais violento do que todos gostaríamos de admitir que fosse. Não há dúvida sobre a constatação. Basta relembrar, só recentemente, a morte bárbara de um menor no Rio de Janeiro e o consumo aberto e impune de cocaína exibido em rede nacional de televisão como comemoração de final de ano em uma favela no Estado de São Paulo.
Os fatos guardam pertinência com o direito penal e com o sistema de cumprimento de penas. É algo a ser enfrentado agora. O direito de punir, que veio paulatinamente sendo transformado em sua concepção colonial de vingança do soberano em técnica moderna de ressocialização, agora, no Brasil, precisa de pronta e eficiente solução de recuperação que permita abrandar a violência que tomou conta dos presídios e das ruas.
Foram erros seguidos: não foi possível cuidar da separação adequada dos criminosos; não se deu conta de que a reunião de delinqüentes perigosos com quem tinha crimes mais singelos levaria a uma distorção de grandes proporções nem se percebeu, no tempo certo, que a internação passou a ser indiscriminada e sem critérios.
Agora, para resolver a crise, de onde retirar recursos se eles fazem falta em outros setores prioritários, como saúde e educação, em um país de população sabidamente pobre e carente? Uma experiência indiana -atual e surpreendente- parece sugerir um caminho: em Tihar, nos arredores de Nova Déli, em um dos maiores estabelecimentos prisionais do mundo contemporâneo, deu-se fato singular.
Ali, em presídio de segurança máxima, conhecido como um inferno sem solução, onde estão internados mais de 13 mil detentos, a criatividade de uma diretora, agindo sem recursos nem investimentos públicos do governo indiano, viabilizou a utilização de técnica milenar, consistente na exploração de meditação e estado contemplativo por parte dos reeducandos, com a finalidade terapêutica de livrá-los de seus sofrimentos pessoais, proporcionando-lhes melhor qualidade de vida.
A técnica de origem budista aplicada aos presos indianos levou ao quase aniquilamento da reincidência, da corrupção e do uso de drogas nos presídios onde está funcionando. Por causa do sucesso imediato, foi estendida aos funcionários do estabelecimento e proporcionou a proliferação de cursos periódicos em uma área especialmente criada para reflexão.
A transformação modelar da prisão de Tihar nos últimos treze anos da experiência acabou fazendo-a referência para outros presídios indianos.
Mais do que isso, atraiu a atenção de estudiosos e pesquisadores do mundo todo sobre o fenômeno do controle das angústias das populações carcerárias. Mereceu a atenção da psicanálise e da psiquiatria, já que a reflexão não é técnica convencional de pacificação de presidiários.
Na verdade, a experiência abriu caminho inédito com a adoção de solução prática e econômica para contenção dos problemas carcerários, transformando a vida na prisão em rotina mais suportável e menos violenta. Pode parecer estranho para os padrões ocidentais, já que a realidade brasileira é bem diversa. Porém, se considerarmos que no Brasil a falta de recursos públicos e a urgência para o encaminhamento da crise são, na essência, os mesmos problemas que em Tihar demandaram pronta solução, será justo reconhecer que a experiência do presídio indiano é uma demonstração forte de que o pragmatismo também é fator determinante no encaminhamento de soluções.
A experiência teve o mérito de se basear na criatividade no trato com questões polêmicas e no enfrentamento da realidade que permitiu, com o auxílio de métodos não convencionais de cumprimento de pena, o abrandamento da crise. Trabalhou a acumulação das tensões que dominam os ambientes carcerários, trazendo demonstração de que a vocação e a criatividade das autoridades são fatores determinantes para tornar mais justa e equilibrada a vida das populações carcerárias.
quarta-feira, maio 09, 2007
Piada
- Alô!
- Sra. Silva, por favor.
- É ela quem fala.
- Sra. Silva, aqui é o Dr. Arruda do Laboratório. Ontem, quando o médico do seu marido enviou a biopsia dele para o laboratório,uma biopsia de um outro Sr. Silva chegou também, e nós agora não sabemos qual é a do seu marido. Infelizmente, os resultados são ambos ruins e terríveis.
- O que o senhor quer dizer?
- Bem, um dos exames deu positivo para Alzheimer e o outro deu Positivo para AIDS. Nós não sabemos qual é o do seu marido.
- Isto é espantoso! Vocês não podem repetir os exames?
- Normalmente seria isso que faríamos mas o SUS somente paga esses Exames caros uma única vez por paciente.
- Bem, o senhor me aconselha a fazer o que?
- O pessoal do SUS aconselha que a senhora leve seu marido para algum lugar bem longe da sua casa e o deixe por lá. Se ele conseguir achar o caminho de volta, não faça mais sexo com ele.
segunda-feira, maio 07, 2007
Trans-Iriri, mais uma estrada ilegal desmatando a AmazôniaEla faz parte de estimados 168 mil km de rotas abertas na mata por madeireiras clandestinasTom Phillips
The Guardian
LondresOficialmente, a loja de motosserras de Geroan não existe. Nem o posto de gasolina ao lado, a oficina de motocicletas ou o supermercado União, um barracão onde as prateleiras cobertas de pó pendem ao peso de dezenas de garrafas de cachaça. Os estabelecimentos ficam ao longo da Trans-Iriri, uma estrada clandestina que penetra centenas de quilômetros numa área da Amazônia chamada Terra do Meio.
Essa rodovia não consta de nenhum mapa rodoviário. Oficialmente, a Trans-Iriri não existe. As estradas ilegais–freqüentemente construídas por madeireiros ilegais – são um dos maiores desafios para o governo brasileiro no combate ao desmatamento. Estima-se que existam mais de 168 mil quilômetros dessas estradas na região amazônica, atravessando áreas protegidas e abrindo caminho para a destruição da maior floresta tropical do mundo.
Com 200 quilômetros, a Trans-Iriri, que segue na direção oeste, através da Terra do Meio e a partir de São Felix do Xingu (PA), é a principal delas.
Autoridades do governo recentemente alardearam um certo sucesso no combate ao desmatamento: entre agosto de2005 e de 2006,em torno de 13.100 quilômetros quadrados de floresta foram abatidos, 30% menos do que no período anterior, 2004-2005. Porém, apoiados por essa rede de estradas escondidas, os madeireiros continuam a destruir a floresta. No Pará, onde está a Trans-Iriri, imagens de satélite produzidas pelo governo mostram que o corte aumentou 50% desde 2004. São Félix do Xingu é, pelo quinto ano consecutivo, o município campeão de desmatamento, com cerca de 770 quilômetros quadrados de floresta derrubados entre 2005 e 2006.
Cercada pelos Rios Xingu e Iriri, a Terra do Meio – uma área do tamanho da Escócia – está no centro da destruição. Desde a década de 90, as madeireiras foram abrindo impetuosamente a Trans-Iriri, fazendo vias secundárias, as “picadas”, na floresta adentro e gradativamente substituindo a mata por imensas fazendas de gado.
A partir de 2005, as autoridades criaram duas enormes unidades de conservação. Áreas de proteção também foram criadas ao longo da rodovia Trans-Iriri e o exército foi enviado para patrulhar a região.
“A presença do Exército em 2005 surtiu algum efeito”, diz Marcelo Marquesini, da ONG Greenpeace. “No entanto, dois anos depois, as operações continuaram esporadicamente. Quando os soldados vão embora, as pessoas retornam.”
O ambientalista Tarcísio Feitosa da Silva, que no ano passado recebeu o prêmio Goldman pelo trabalho de proteção da Amazônia, afirma que o mistério que envolve estradas como a Trans-Iriri ajudou a ocultar essa onda persistente de destruição. “Oficialmente, essa estrada não existe. Nunca recebeu permissão do governo”, diz.
Na ausência do Estado, os fazendeiros empregam uma polícia ilegal formada por pistoleiros para “manter essa estrutura de invisibilidade. É por isso que ninguém fala da estrada”, afirma Tarcísio, que já recebeu ameaças de morte por causa do seu trabalho. “E tudo continua como está porque é aqui que estão os maiores fazendeiros.”
A Terra do Meio é uma espécie de zona autônoma, um buraco negro sobre o qual as autoridades exercem pouco controle. Catia Canedo, secretária do Turismo e do Meio Ambiente de São Félix do Xingu, diz, por exemplo, que nunca visitou a estrada, apesar de o início estar a poucos quilômetros de seu gabinete. Sem uma força policial para fazer valer as leis (a agência em São Félix do Xingu foi fechada recentemente) o desmatamento ilegal continua.
Maria Nizan de Souza, que trabalha para um grupo católico que combate o uso de trabalhadores escravos, muitos deles usados na derrubada de árvores, disse ser comum ver as toras saindo da floresta. “Hoje três caminhões repletos de madeira passaram por aqui. Ninguém faz nada – todo mundo está assustado.”
TERRA SEM LEI
Embora os ambientalistas chamem a área de Terra do Meio, os brasileiros pobres que vivem nos pequenos assentamentos existentes ao longo da rodovia, chamam-na diferentemente. “É uma terra sem lei”, diz um morador de Vila Caboclo, que não quis dizer seu nome. O lojista Wantui Selvatico, de 42 anos, afirma que os pistoleiros “são comuns por aqui”. “Não existe nada escondido”, acrescenta, mudando de assunto rapidamente. “Acho que vou parar por aqui.”
Enquanto isso, a rede de estradas ilegais continua sua expansão. De acordo com estudo da ONG Imazon, cerca de 1.900 quilômetros de novas estradas são abertos a cada ano.
"Duas décadas de advertências. E aí?"
Duas décadas de advertências. E aí?
Washington NovaesCostuma o professor Ignacy Sachs, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, citar um de seus mestres poloneses, segundo o qual uma nova idéia precisa de pelo menos duas décadas para ser aceita. Deve ser o mínimo. Isso ficou claro mais uma vez para quem esteve presente às discussões do 2º Congresso Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, promovido esta semana pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). Ali – além de haver sido assinado um pacto entre grandes empresas que se comprometem a reduzir suas emissões de gases e outro entre instituições que propõem o fim do desmatamento no País, o aumento no uso de energias renováveis e o estabelecimento de metas nacionais de redução das emissões, entre outros pontos – ocorreu uma discussão sobre os 20 anos do chamado Relatório Brundtland.
Coordenado pela então primeira-ministra da Noruega, a pedido das Nações Unidas, o relatório, com o título Nosso Futuro Comum, consolidou o conceito do que passou a ser chamado de “desenvolvimento sustentável”, aquele capaz de atender às necessidades das atuais gerações sem comprometer os direitos das futuras gerações. Nesse documento de abril de 1987, a coordenadora enfatizava que “os cientistas chamaram a atenção para problemas urgentes e complexos ligados à própria sobrevivência do ser humano: um planeta em processo de aquecimento, ameaças à camada de ozônio, desastres que devoram as terras de cultivo”.
Pois, nestas últimas semanas, 20 anos passados, o noticiário continuou a dizer que o buraco na camada de ozônio permanece em níveis recordes e assim permanecerá por muito tempo, que o drama do aquecimento global continua sem solução, que continuamos a consumir mais recursos naturais do que a biosfera terrestre pode repor. E o ex-secretário da ONU Kofi Annan voltou a advertir: “Se nós não colocarmos o clima sob controle, se não enfrentarmos os desafios do meio ambiente, todos os esforços que estamos fazendo serão inúteis.” E o disse no mesmo dia em que se anunciava um terceiro relatório complementar do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) – a ser divulgado a 4 de maio, na Tailândia –, mostrando que precisamos de mudanças drásticas para evitar que a concentração de gases na atmosfera ultrapasse 450 partes por milhão (ppm) e as perdas no produto bruto mundial superem 3%. Se a concentração chegar a 530 ppm, a perda ficará entre 5% e 20% (como já advertiu o chamado Relatório Stern).
Nas discussões sobre os 20 anos do Relatório Brundtland, em São Paulo, ficou claro que o mestre polonês tem toda a razão. Já em 1988, o IPCC divulgou seu primeiro relatório, basicamente com as mesmas advertências do último (fevereiro de 2007): a temperatura do planeta já se elevara quase 0,8 grau Celsius em conseqüência de ações humanas; o aquecimento estava intensificando secas, inundações, furacões, aumentos de temperatura e perdas de culturas, etc. Quatro anos depois, em 1992, no Rio de Janeiro, assinava-se a Convenção do Clima, que recomendava a redução das emissões de gases poluentes pelos países industrializados, assim como a convenção sobre a diversidade biológica para tentar evitar que ela continuasse a se perder em alta velocidade. Assinava-se, também, a Agenda 21 mundial, com as estratégias e ações capazes de resolver os graves problemas sociais e ambientais do mundo. Maurice Strong, secretário da Eco-92, dizia: “É a nossa última oportunidade de rever os rumos planetários, sob pena de declínio da espécie humana.”
Cinco anos depois, na Rio + 5, Strong voltava à carga: “Precisamos reinventar a civilização industrial.” E o ex-primeiro-ministro soviético Mikhail Gorbachev sentenciava: “Precisamos de novo paradigma; a civilização atual chegou a seu fim, exauriu as suas possibilidades. Temos de chegar a um consenso sobre novos valores. Em 30 a 40 anos a Terra poderá viver sem nós.”
Ouvidos moucos. Na Rio +10 (Johannesburgo, 2002), o presidente da França, Jacques Chirac, depois de estigmatizar a insustentabilidade dos padrões de produção e consumo no mundo, assim como a concentração da renda (gerando as inacreditáveis desigualdades e dramas sociais, que ele chamou de “apartheid mundial”), chicoteava: “As futuras gerações nos cobrarão; ‘vocês sabiam’, dirão elas, ‘e nada fizeram’.”
Chega 2006. O relatório do Programa das Nações Unidas reafirma que estamos consumindo 25% além da capacidade de reposição do planeta. O Relatório Stern diz que, por causa do clima, caminhamos para uma catástrofe econômica e só temos uma década para tentar pelo menos minimizar os prejuízos. Um terceiro relatório, da Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO), da ONU, assegura que as culturas de carnes precisam reduzir seu impacto sobre o meio ambiente pelo menos em 50% – mas deverão aumentá-lo em 100% até 2020.
Este ano, o IPCC confirma, com grau de certeza muito maior, tudo o que vinha dizendo desde 1988. Mas os Estados Unidos, maior emissor de gases, continuam se recusando a assumir metas de redução – assim como a China, que, em breve, se tornará o maior emissor, o Brasil, quarto maior, a Índia e outros países. Só nesta semana, 15 anos depois de o País haver assinado a Convenção do Clima, o Ministério do Meio Ambiente está criando uma Secretaria de Mudanças Climáticas, depois de haver anunciado, há poucos dias, que “daqui a quatro meses” estará pronto um plano nacional para essa área. Na Agenda 21 nacional, a proposta de construção de um capítulo sobre esse tema – ali apresentada pelo autor destas linhas – foi aprovada há uns dois anos, mas não conseguiu sequer chegar ao papel, quanto mais a uma discussão.
Talvez o mestre polonês ainda fosse muito otimista. Vinte anos parecem pouco, mesmo diante de evidências dramáticas.
TIM
Não dá pra comemorar.
Quem será que ela vai abandonar: a Vivo ou a TIM, que acabou de comprar?
domingo, maio 06, 2007
Problemas ambientais
As duas décadas de advertências às quais Novaes se refere são as duas décadas de advertências mundiais sobre a destruição da Terra: aquecimento global, buraco na camada de ozônio, desertificação etc. Em 1987, foi criado o conceito de "desenvolvimento sustentável", no Relatório Brundtland, com o título "Nosso Futuro Comum". Faz 20 anos. "E aí?" Hoje, se fala demais sobre o "desenvolvimento sustentável". Ótimo sinal de que a idéia é cada vez mais aceita. Mas não adianta ser aceita e não ser aplicada.
Isso mostra a burrice do ser humano: só aprende "apanhando". Há 20 anos começaram a surgir avisos sobre o que aconteceria no futuro (não mais tão distante, agora). No entanto, nada foi evitado. O assunto começou a ser levado mais a sério há pouco tempo e, mesmo assim, nem tão a sério: serve mais para embelezar discursos. Na verdade, virou moda.
É, virou moda. Fala-se cada vez mais sobre esse assunto e, no entanto, nenhum país quer diminuir as suas emissões de CO2. Brasil, Índia e China utilizam o argumento de que os causadores históricos da situação atual são os "desenvolvidos" e, portanto, eles devem "pagar a conta".
Enquanto isso, o Ibama é dividido em dois. Assim como nosso PIB cresceu mudando-se os cálculos, os problemas existentes para a construção das usinas do Rio Madeira desaparecerão com a divisão do Ibama em dois. A impressão que me dá é que o governo está tentando mostrar poder; mostrar que ele tem poder para dividir o Ibama. O que mais será que ele fará se o licenciamento não sair mesmo assim?
No artigo, Novaes chegou à conclusão de que 20 anos são insuficientes. E eu concordo.
Quem vai pagar a conta são os nossos descendentes, isso sim.
Boa noite
Me... me, o que mesmo?
Só não lembro muito bem como ela chama... Peraí, deixa eu ver por aqui. Ela chama... (de quem eu estou falando mesmo? Ah, tá!) "BDNF". Ela é a responsável por determinar se uma memória vai durar 1 minuto, 1 hora, 1 dia, a vida inteira. E, pelo jeito, ela não gosta muito de si mesma, porque eu nunca lembro esse nominho. Aliás, os cientistas é que devem ter dado o nome errado e, por isso, ela resolve que não vai durar muito essa memória (eu a entendo, porque essa sigla parece coisa de política e não de biologia). Enfim, é a "proteína da memória".
Agora, tudo ficou muito mais simples. Quando esquecemos de alguma coisa que deveríamos ter lembrado (afinal, se não devessemos lembrar, lembraríamos - mas a responsável por isso é outra, a Lei de Murphy, depois falamos dela, se eu lembrar) é só explicar para quem precisar que foi a... BDNF e ninguém pode nos culpar.
Seria bom, também, descobrir se há alimentos ricos em... BDNF. Se alguém souber, me avisa, ok? Talvez a Maria Alice Vergueiro saiba. Aquele chá... será que é isso?
Curiosidade: Passo a passo, como as informações são codificadas e transformadas em memórias.
1 - Quando uma memória é adquirida, ela fica reverberando no cérebro por um tempo, passando pelos neurônios por meio das sinapses (consexões de neurônios) no hipocampo (uma parte inferior forntal do cérebro).
2 - Para ser consolidada, entra em ação um mecanismo conhecido como potenciação de longa duração (LPT). Desde a década de 70 se sabia que ela é a responsável por fortalecer essas conexões, mas no ano passado o grupo liderado por Iván Izquierdo, da PUC-RS, descobriu que é esse mecanismo que fixa o aprendizado. Ele é a base da memória.
3 - Cerca de 12 horas depois que a memória foi adquirida, começa a agir uma outra proteína, conhecida como BDNF, que possibilita a persistência dessa memória. É a BDNF que vai dizer se a pessoa vai se lembrar daquilo por poucos dias (para uma prova, por exemplo) ou pela vida toda.
FONTE: Estadão - Giovana Girardi - "Cientistas mostram como a memória persiste"
domingo, abril 22, 2007
Show do Evanescence!
Fui no show do Evanescence! X'D Foi muuuuuuito bom! Adoro esta banda e agora gosto mais ainda (depois do show).
Fiquei muito feliz por ter conseguido ir. Tava fazendo contagem regressiva até. rsrs Foi meu primeiro show. E foi no dia do aniversário da minha amiga Lucy. Esse dia vai ficar marcado! Nunca mais esqueço o aniversário dela! hehehe
Quando eu dei o primeiro grito deu impressão de que minha cabeça ia explodir, mas foi só no primeiro mesmo: depois parece que a gente acostuma e pega o jeito de como gritar direito.
O som estav muito bom: mesmo quando todo mundo gritava ainda dava pra ouvir a música e a Amy Lee cantando.
Único defeito: acabou... =/ Durou 1:20h. Quando acabou eu, a Lucy e a Cláudia ficamos meio que paralisados: "acabou? É intervalo? Acabou mesmo?" E parece que o resto do povo por lá também ficou meio assim. A gente até perguntou pro segurança: "acabou o show?" E tinha acbado mesmo. Mas ninguém fez coro pra eles voltarem! Que povo mais desanimado! Eu gritei muito no show!
Por orkut, foram combinadas duas "surpresas" pra banda: encher bexiga branca em "Lithium" e cantar "Missing" para a banda durante o intervalo. Deu certo, mas nesta última foram poucas pessoas que cantaram. De onde a gente tava só a gente cantou... Depois descobrimos que quem estava lá na frente, na pista, cantou e, então, a banda ouviu, que é o que importa. E na hora da bexiga ficou ainda mais bonito do que o esperado porque várias pessoas acenderam isqueiros e levantaram junto com as bexigas.
Enfim, foi muito bom e adorei ter ido!
segunda-feira, abril 09, 2007
TIM - Telecom Italia Mobile
O que aconteceu?
Alguém já ouviu falar de chip "quebrar"? (Dentro do celular, de um dia para o outro?)
Alguém já teve que ouvir que as mensagens que você enviou (com o novo chip de número novo que você foi obrigado a comprar) - e que sumiram no tempo e no espaço sem que você recebesse o "relatório" de envio - têm um prazo de 24 horas para chegarem ao destino? (E após 216 horas a mensagem ainda continua sumida...?)
Os atendentes das outras operadoras também têm o costume de te dar respostas e soluções diferentes em cada horário que você liga?
Eles te perguntam DDD, número do aparelho, com quem falam, qual o seu problema e te fazem explicá-lo para depois pedirem que você "ligue mais tarde, pois estão sem sistema"?
Isso quando a ligação não "cai" antes mesmo de que você seja atendido?
Ou, pior, quando não são ainda mais caras-de-pau e te pedem para esperar por mais de 5 minutos e, então, a ligação "cai"?
Nesses casos, quando você liga de novo, você tem que repetir tudo de novo?!
Quando você tem MUITA sorte de ser atendido por alguém que parece ter boa vontade e saber o que está fazendo, o seu problema só fica resolvido durante, no máximo, 1 mês, período em que você é obrigado a fazer nova reclamação?
Com a TIM é assim. E olhem que estou calmo agora. Mas gostaria muito de saber se é só comigo e se isso também é assim com outras operadoras. Será que os meus amigos clientes de outras operadoras é que têm sorte, ou será que elas realmente são melhores que a TIM??
Acredito que elas é que são melhores do que a TIM mesmo, porque seria muita sorte de muita gente.
Talvez o que tenha acontecido é que eles perderam o respeito ao consumidor. Isso me lembra que, há pouco tempo, o Estadão publicou uma notícia mostrando que a TIM é a operadora que mais FATURA, porém não é a que tem mais CLIENTES; e o seu diretor (não tenho certeza se era o diretor, mas era algum representante importante da TIM) afirmava que o que importava para eles era mesmo o faturamento e não os clientes. Nada de mais, desde que ele se referisse à quantidade de clientes. Mas, pelo jeito, ele estava se referindo à satisfação dos clientes.
Sinceramente, espero que a TIM seja vendida ou que perca significativamente clientes. Assim que eu puder eu trocarei de operadora. E aconselharei ao máximo de pessoas possível que nunca comprem TIM para que não tenham que passar por isso.
Já perdi tempo de mais por hoje por causa dessa infeliz empresa e vou correr atrás do tempo perdido agora. Mas, por favor e para o seu bem, não comprem TIM.
sexta-feira, abril 06, 2007
Trem da Alegria (versão menor dos supersalários?)
MPE AMEAÇA BARRAR TREM DA ALEGRIA – 05/04/2007
Projeto que cria cargos na Câmara e subsidia escritórios políticos de vereadores ´fez alerta soar´, diz procurador
Bruno Tavares Rodrigo Pereira
O Ministério Público Estadual (MPE) prometeu ontem analisar o projeto de reforma administrativa da Câmara e tomar medidas para barrar eventuais irregularidades. Segundo o coordenador das Promotorias da Cidadania, João Francisco Moreira Viegas, 'o alerta soou e isso exige que o MP faça uma análise, com seriedade, do projeto'. A proposta da Câmara, chamada de supertrem da alegria pela entidade Movimento Voto Consciente, foi aprovada em votação simbólica na terça-feira. Ela prevê verbas públicas para vereadores manterem escritórios políticos nos bairros e cria novos cargos. A votação final ocorrerá na terça-feira. 'Li sobre o projeto, há aumento de gastos e isso sempre chama a atenção', disse Viegas. 'Independentemente da representação, com base na reportagem do Estado, medidas já seriam tomadas.' Ele fez a ressalva de que é precipitado dizer se há irregularidades sem avaliação detalhada da proposta.
O projeto prevê concessão de verba de R$ 12.468,00 para cada vereador custear seu escritório político fora da Câmara; a criação de 27 cargos sem concurso público e com salário de R$ 3,1 mil para assessorar lideranças partidárias; e a criação de 196 cargos concursados.
O promotor Saad Mazloum, responsável pelo inquérito que barrou a criação de supersalários na Casa em 2003, adiantou que pedirá informações aos vereadores para 'verificar o teor de cada medida e se elas estão embasadas em lei'. 'Em 2003, adotaram medidas que eram ilegais, que deram origem a um inquérito criminal e ao impedimento das propostas.' Ele explicou que, se houver repetição de procedimentos proibidos há quatro anos, o processo será desarquivado e o MPE questionará a Câmara imediatamente.
Para investigar suspeitas relativas a fatos novos, como a verba para escritórios políticos, a promotoria precisa aguardar a votação final da proposta. 'É preciso verificar também se a legislação em vigor dá sustentação a essas medidas. De 2003 para cá foram editadas algumas emendas que, eventualmente, podem dar sustentação ao novo projeto.' A Voto Consciente está organizando um protesto na terça, às 15 horas, contra a aprovação da proposta.
O presidente da Câmara, Antônio Carlos Rodrigues (PR), reiterou ontem que o objetivo do projeto é 'modernizar' a Casa. 'Trem da alegria para mim é criar um grande número de cargos com comissão. A nossa proposta não é essa.' Segundo ele, a criação de uma verba de custeio vai acabar com distorções no Legislativo.
O prefeito Gilberto Kassab (DEM) vai esperar a análise da sua assessoria jurídica para opinar sobre a proposta. 'As informações que tenho são de que as despesas não vão subir, mas prefiro me inteirar sobre o projeto.' Em nota, a Mesa Diretora da Casa contestou informação publicada ontem pelo Estado.A Mesa garantiu que a 'gratificação legislativa de incentivo à especialização e produtividade', que pode chegar a R$ 3,8 mil, será paga a funcionários efetivos, e não a comissionados (ocupantes de cargos de confiança, indicados por vereadores). Afirmou ainda que o projeto não altera o limite global de gastos da Câmara - embora ele vá aumentar de R$ 68 mil para R$ 71.564,92.
Segundo a Mesa, a ampliação do teto ocorreu no ano passado, 'com base em previsão legal' - no caso, numa lei de 2003, a 13.637.
COLABOROU HUMBERTO MAIA JUNIOR
segunda-feira, março 26, 2007
Reajuste do Salário dos Parlamentares
Passam tantas coisas pela minha cabeça sobre esse assunto que nem sei o que falar. (Aliás, tive que esperar um certo tempo antes de enviar esse e-mail porque senão poderia resumir tudo em 3 palavras que poderiam me custar vários processos).
É por isso que o "país" não vai para frente nunca. Esse país já quase não cresce e, quando cresce, essa súcia já toma o crescimento para si. Quem precisa de ajuste é a população que tem que PAGAR CONTAS, o que, por sinal, eles não sabem muito bem o que é, uma vez que têm auxílio-moradia, "ajuda" de custo, combustível, transporte e passagens aéreas pagas (mesmo para quem mora em Brasília e não precisa de passagens aéreas para ir ao Plenário). Isso me faz perguntar: reajuste para quê?!
Eles já têm esse "pequeno" salário de R$12.847,20 (privilégio para pequeníssima parcela da população além deles) praticamente LIVRE. Esse reajuste é apenas para aumentar os seus patrimônios pessoais.
Por que não aumentam (mesmo que em porcentagem menor, para ficar dentro do possível) os salários-mínimos e diminuem a absurda distância entre os extremos desse país, em vez de aumentá-la?
Cada vez mais, penso no governo como um conjunto de cínicos que brincam de enriquecer e brincam com o povo. O mesmo povo que precisaria tanto que os milhões que serão gastos a mais com esse "reajuste" fossem investidos na sua saúde, no seu bem-estar. (Para os nossos caríssimos parlamentares, isso pode soar um pouco idiota, mas gostaria de poder lembrá-los que é desse povo que sai todo o dinheiro que enfiam nas malas, cuecas, entre outros.)
Outro absurdo: verba indenizatória sem necessidade de comprovação?! Vamos falar sem artimanhas políticas o que é isso: um acréscimo ao salário (que já estaria "reajustado") dos parlamentares para que gastem como bem quiserem. O povo não é palhaço (apesar de, estranhamente, me sentir como um); por que eles não falam logo a verdade? Para isso seria necessário menos cara-de-pau do que eles usam para ser tão cínicos.
A Pobreza da Riqueza - Cristóvam Buarque
A pobreza da riqueza
Por Cristóvam Buarque
"Em nenhum outro país os ricos demonstraram mais ostentação que no Brasil.
Apesar disso, os brasileiros ricos são pobres. São pobres porque compram sofisticados automóveis importados, com todos os exagerados equipamentos da modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus de subúrbio. E, às vezes, são assaltados, seqüestrados ou mortos nos sinais de trânsito.
Presenteiam belos carros a seus filhos e não voltam a dormir tranqüilos enquanto eles não chegam em casa. Pagam fortunas para construir modernas mansões, desenhadas por arquitetos de renome, e são obrigados a escondê-las atrás de muralhas, como se vivessem nos tempos dos castelos medievais, dependendo de guardas que se revezam em turnos. Os ricos brasileiros usufruem privadamente tudo o que a riqueza lhes oferece, mas vivem encalacrados na pobreza social. Na sexta-feira, saem de noite para jantar em restaurantes tão caros que os ricos da Europa não conseguiriam freqüentar, mas perdem o apetite diante da pobreza que ali por perto arregala os olhos pedindo um pouco de pão; ou são obrigados a restaurantes fechados, cercados e protegidos por policiais privados.
Quando terminam de comer escondidos, são obrigados a tomar o carro à porta, trazido por um manobrista, sem o prazer de caminhar pela rua, ir a um cinema ou teatro, depois continuar até um bar para conversar sobre o que viram.
Mesmo assim, não é raro que o pobre rico seja assaltado antes de terminar o jantar, ou depois, na estrada a caminho de casa. Felizmente isso nem sempre acontece, mas certamente, a viagem é um susto durante todo o caminho. E, às vezes, o sobressalto continua, mesmo dentro de casa.
Os ricos brasileiros são pobres de tanto medo. Por mais riquezas que acumulem no presente, são pobres na falta de segurança para usufruir o patrimônio no futuro. E vivem no susto permanente diante das incertezas em que os filhos crescerão. Os ricos brasileiros continuam pobres de tanto gastar dinheiro apenas para corrigir os desacertos criados pela desigualdade que suas riquezas provocam: em insegurança e ineficiência. No lugar de usufruir tudo aquilo com que gastam, uma parte considerável do dinheiro nada adquire, serve apenas para evitar perdas. Por causa da pobreza ao redor, os brasileiros ricos vivem um paradoxo: para ficarem mais ricos têm de perder dinheiro, gastando cada vez mais apenas para se proteger da realidade hostil e ineficiente.
Quando viajam ao exterior, os ricos sabem que no hotel onde se hospedarão serão vistos como assassinos de crianças na Candelária, destruidores da Floresta Amazônica, usurpadores da maior concentração de renda do planeta, portadores de malária, de dengue e de verminoses. São ricos empobrecidos pela vergonha que sentem ao serem vistos pelos olhos estrangeiros.
Na verdade, a maior pobreza dos ricos brasileiros está na incapacidade de verem a riqueza que há nos pobres. Foi esta pobreza de visão que impediu os ricos brasileiros de perceberem, cem anos atrás, a riqueza que havia nos braços dos escravos libertos se lhes fosse dado direito de trabalhar a imensa quantidade de terra ociosa de que o país dispunha. Se tivesse percebido essa riqueza e libertado a terra junto com os escravos, os ricos brasileiros teriam abolido a pobreza que os acompanha ao longo de mais de um século. Se os latifúndios tivessem sido colocados à disposição dos braços dos ex-escravos, a riqueza criada teria chegado aos ricos de hoje, que viveriam em cidades sem o peso da imigração descontrolada e com uma população sem miséria. A pobreza de visão dos ricos impediu também de verem a riqueza que há na cabeça de um povo educado. Ao longo de toda a nossa história, os nossos ricos abandonaram a educação do povo, desviaram os recursos para criar a riqueza que seria só deles, e ficaram pobres: contratam trabalhadores com baixa produtividade, investem em modernos equipamentos e não encontram quem os saiba manejar, vivem rodeados de compatriotas que não sabem ler o mundo ao redor, não sabem mudar o mundo, não sabem construir um novo país que beneficie a todos. Muito mais ricos seriam os ricos se vivessem em uma sociedade onde todos fossem educados.
Para poderem usar os seus caros automóveis, os ricos construíram viadutos com dinheiro de colocar água e esgoto nas cidades, achando que, ao comprar água mineral, se protegiam das doenças dos pobres. Esqueceram-se de que precisam desses pobres e não podem contar com eles todos os dias e com toda saúde, porque eles (os pobres) vivem sem água e sem esgoto. Montam modernos hospitais, mas tem dificuldades em evitar infecções porque os pobres trazem de casa os germes que os contaminam. Com a pobreza de achar que poderiam ficar ricos sozinhos, construíram um país doente e vivem no meio da doença.
Há um grave quadro de pobreza entre os ricos brasileiros. E esta pobreza é tão grave que a maior parte deles não percebe. Por isso a pobreza de espírito tem sido o maior inspirador das decisões governamentais das pobres ricas elites brasileiras.
Se percebessem a riqueza potencial que há nos braços e nos cérebros dos pobres, os ricos brasileiros poderiam reorientar o modelo de desenvolvimento em direção aos interesses de nossas massas populares. Liberariam a terra para os trabalhadores rurais, realizariam um programa de construção de casas e implantação de redes de água e esgoto, contratariam centenas de milhares de professores e colocariam o povo para produzir para o próprio povo. Esta seria uma decisão que enriqueceria o Brasil inteiro - os pobres que sairiam da pobreza e os ricos que sairiam da vergonha, da insegurança e da insensatez. Mas isso é esperar demais. Os ricos são tão pobres que não percebem a triste pobreza em que usufruem suas malditas riquezas."
sábado, março 10, 2007
Hedonismo
Hedonismo (Dicionário Houaiss): "doutrina filosófica que encara o prazer e a felicidade como bem supremo. Dedicação ao prazer como estilo de vida."
Eu li em um dos livros do Ruy Castro que, ainda mais legal do que unir o útil ao agradável, é unir o agradável ao agradável. A exaltação do desfrute.
Há tempos venho ruminando sobre isso.
Conheço muitas pessoas que vão ao cinema, a boates e restaurantes e parecem eternamente insatisfeitas. Até que li uma matéria com a escritora Chantal Thomas na revista República e ela elucidou minhas indagações internas com a seguinte frase: "Na sociedade moderna há muito lazer e pouco prazer".
Lazer e prazer são palavras que rimam e se assemelham no significado, mas não se substituem. É muito mais fácil conquistar o lazer do que o prazer.
Lazer é assistir a um show, cuidar de um jardim, ouvir um disco, namorar, bater papo. Lazer é tudo o que não é dever. É uma desopilação.
Automaticamente, associamos isso com o prazer: se não estamos trabalhando, estamos nos divertindo. Simplista demais.
Em primeiro lugar, podemos ter muito prazer trabalhando, é só redefinir o que é prazer. O prazer não está em dedicar um tempo programado para o ócio. O prazer é residente. Está dentro de nós, na maneira como a gente se relaciona com o mundo.
Chantal Thomas aborda a idéia de que o turismo, hoje, tem sido mais uma imposição cultural do que um prazer. As pessoas aglomeram-se em filas de museus e fazem reservas com meses de antecedência para ir comer no lugar da moda, pouco desfrutando disso tudo.
Como ela diz, temos solicitações culturais em demasia. É quase uma obrigação você consumir o que está em evidência. E se é uma obrigação, ainda que ligeiramente inconsciente, não é um prazer.
Complemento dizendo que as pessoas estão fazendo turismo inclusive pelos sentimentos, passando rápido demais pelas experiências amorosas, entre elas o casamento. Queremos provar um pouquinho de tudo, queremos ser felizes mediante uma novidade. O ritmo é determinado pelas tendências de comportamento, que exigem uma apreensão veloz do universo.
Calma. O prazer é mais baiano.
O prazer não está em ler uma revista, mas na sensação de estar aprendendo algo. Não está em ver o filme que ganhou o Oscar, mas na emoção que ele pode lhe trazer. Não está em faturar uma garota, mas no encontro das almas. Está em tudo o que fazemos sem estar atendendo a pedidos. Está no silêncio, no espírito, está menos na mão única e mais na contramão.
O prazer está em sentir. Uma obviedade que merece ser resgatada antes que a gente comece a unir o útil com o útil, deixando o agradável pra lá.
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