O estopim foi a entrada da Polícia Militar no campus, a pedido da reitora, para fazer cumprir os mandados de reintegração de posse.
Não entendo porque a polícia pode estar em todo o resto do estado e não pode estar na USP. O que a polícia não pode fazer - seja na USP, seja em qualquer outro lugar - é abusar do seu poder. Não houve confronto. Não é a simples "presença" da polícia que constitui um problema. A polícia está em toda manifestação fora da USP, em toda concentração de massa (até em festas públicas, shows). A USP não é um santuário.
Além do mais, da última vez que não chamaram a polícia (na invasão de 2007), o prédio foi destruído, deixando um prejuízo enorme para ser coberto pelo dinheiro público. O movimento diz que chamar a polícia é não querer dialogar, mas destruir a reitoria também não é uma boa forma de buscar diálogo...
Enfim, a entrada da PM só serviu de ajuda para que os grupos que defendem a greve ganhassem força. Essa greve já estava pra sair de qualquer jeito.
O curioso é que esses grupos, que vivem fazendo discurso contra a repressão, reprimem os estudantes que não querem aderir à greve. Seja fazendo pressão psicológica (o que eles dizem ter sido o que a polícia fez), seja com barreiras físicas mesmo.
Outra curiosidade é como se espalha que a greve foi deliberada de uma forma democrática, com uma gigantesca assembléia de 1,500 alunos. O que são 1,500 alunos dentre os 55,000 (só de graduação) da USP inteira?
A política estudantil é feita de forma que qualquer pessoa que tenha outras coisas para fazer - às quais dá prioridade - não possa participar. O que é terrível, uma vez que é feita em um lugar como a USP (e para seus estudantes), em que, mesmo sem participação na política, é difícil se manter em dia com o curso. Não dá para ficar, pelo menos 2 vezes por semana, horas em reuniões que podem acabar sem nenhuma decisão (e com uma grande briga non-sense).
Isso afasta do movimento estudantil a maior parte das pessoas e ele fica livre para deliberar coisas que teriam grandes chances de serem barradas se todos os estudantes participassem. As pessoas que são contra a greve não têm ânimo para participar do Movimento Estudantil; as que são a favor quase que vivem para participar dele. É a "democracia dos politicamente ativos", que já ouvi certos grupos da FFLCH defendendo. (Os delegados de curso foram eleitos proporcionalmente às ASSEMBLÉIAS de cursos, não aos cursos em si) Quem não doa horas do seu dia para discussões do ME não tem direito a ser representado. Eles devem ter faltado nas aulas sobre Democracia do curso de Política I.
As votações deveriam acontecer por meio de urnas!
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