segunda-feira, novembro 06, 2006

Mais uma vez... deixa dessa vez, vai Blogger!

Eu li esse texto em um Guia do Estadão (daqueles que vêm em todos os exemplares de sexta-feira) e achei muito interessante.
Na verdade, só comecei a ler por causa do nome: Flav... Senti aquela sensação de quando chamam seu nome - aquela espécie de "choque" que dá: "alguém me chamou?". Pra mim é quase impossível não olhar quando ouço - ou tenho impressão de que ouvi - o meu nome. É uma força que vem de dentro, praticamente um reflexo. Mesmo quando não quero olhar, a primeira reação é me mexer (para olhar) e, quando consigo pensar a tempo, paro no meio do caminho. E ainda fica sempre aquela sensação de "será que era comigo mesmo?" ou "será que ela percebeu que eu não quis olhar, mas ouvi?!". E como é horrível estar num lugar com alguém de mesmo nome...!
Não sei se todo mundo reage assim, mas andei conversando sobre isso com alguns amigos e pelo menos eles parecem que sim.
Mas, enfim, o texto me chamou a atenção por isso e li. Não tinha NADA a ver com meu nome, mas valeu a pena!
Já fazia um tempinho que eu queria colocar aqui, mas uma vez o blog deu erro e todas as outras eu dei preguiça.
Hoje, eu li essa mesma sessão de novo (botando em dia os jornais velhos - foi uma tarde e tanto!), mas me decepcionei com um textinho meia-boca.

Chega de encher lingüíça, eis o texto:

Flavonóides!
Antônio Prata

Uns crêem em Deus, outros no Diabo e há até quem espere do capitalismo a redenção de nossas pobres almas: eu acredito em substâncias. Analiso a tabela nutricional no rótulo de um chocolate com a seriedade de um exegeta, procuro verdades obscuras por trás da quantidade ou carboidratos de um suco de laranja como um rabino cabalista. Sei que, pela interpretação correta daqueles míseros gramas de fibras, sódio ou fósforo, pode-se vislumbrar a verdadeira faze de Deus.

Ou do Diabo. Se, na boca do povo, o demônio atende por nomes como Tininho, Belzebu e Lúcifer, nas tabelas nutricionais esconde-se sob a alcunha de gorduras saturadas, fenilalanina, colesterol, sódio e, de uns tempos para cá, gorduras trans. (Não se deixe enganar por esse nome simpático, com ar de disco do Caetano em 79; as gorduras trans, dizem os especialistas, colam feito argamassa nas paredes das artérias.)

Comecei a temer as substâncias com a fenilalanina. Não tenho a menor idéia do que seja, mas faz alguns anos que a Coca-light traz o aviso, misterioso e soturno: contém fenilalanina. O McDonald’s, ainda mais incisivo, colou um adesivo no balcão de suas lanchonetes: “Atenção, fenilcetonúricos: contém fenilalanina”. Desde então, toda noite, ao pôr a cabeça no travesseiro, imagino diálogos como “Pois é, menina, o Antônio! Era fenilcetonúrico e não sabia. Fulminante. Tão novo, judiação...”

O cidadão atento deve ter notado que o glúten, de uns anos para cá, também ganhou uma certa notoriedade nos rótulos. “Contém Glúten”, dizem embalagens de uma infinidade de alimentos, sem mais explicações. Qual é a do glúten? Faz bem para a vista? Ataca o fígado? Derrete o cérebro? Podem os fenilcetonúricos comer glúten sem problema?

Como bom crente, sei que as substâncias matam, mas também podem salvar. Pelo menos, é o que espero do chá verde e seus incríveis flavonóides, que venho consumindo com fervor e regularidade nas últimas semanas. Você sabe o que são flavonóides? Pois é, eu também não, mas o rótulo do tal Green Tea avisa, com grande júbilo (um pequeno gráfico), que uma garrafinha tem quatro vezes mais flavonóides do que o suco de laranja e treze vezes mais do que o brócolis. Diz ainda, à guisa de explicação, tratar-se de poderoso antioxidante. Fico muito tranqüilo: posso cair fulminando pela fenilalanina ou sofrer as insuspeitas mazelas do glúten, mas de enferrujar, ao que parece estou salvo.

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